15.5.09

sobre se perder.



Sem vacilar, analisa cada parte de seu corpo. Atenta-se ao bater do coração tosco, na tentativa de controlá-lo. Inútil. Entra em sintonia com aqueles batimentos enquanto se observa.
Passa horas em frente ao espelho, reparando-se minusciosamente até não mais saber quem é. Ela gosta de se perder. O mundo ao seu redor deixa de existir naqueles instantes... É adorável. Algo como leveza + liberdade = poder ser qualquer e só mais um, poder fechar os olhos e chegar onde quer que seja.
Chegar exatamente naqueles lugares por onde passou, em que a felicidade transbordou... Assim como transborda o mar. Nadando então no seu mar fantástico cada vez para mais longe e cada vez mais em direção ao fundo. Encontra-se em qualquer memória e se afoga.
É feliz enquanto se afoga nos próprios sonhos.
Mas morre em algum instante.
Só que morre lá para viver de novo aqui. Vida clichê, mundo banal...
Por isso decide, enfim, arrumar mais um membro corporal: um espelho, para qualquer momento poder atravessar pro lado de lá e sair de si.
[ nunca se sentiu tão bem por estar se afogando ]

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