28.2.09

eu só existo quando ninguém me olha.


e se eu estivesse sorrindo agora, e correndo para os seus braços?
você estaria vendo o que eu vejo.

18.2.09

...


Eu só me cansei.
Quando aparece algo que me põe la pra cima vem outra e me puxa pra baixo.
É incrível como isso acontece sempre. Mas ai fica parecendo que eu nunca estou satisfeita com nada, que ninguém serve, que nada adianta, e que eu acho tudo um saco.
Então eles se cansam de mim.
Eu preciso de alguma razão que me puxe pra cima mais forte. E mesmo que eu caia que ela vá lá embaixo e me empurre pra cima de novo.
Essa rotina me enlouquece, esse sentimento de viver todos os dias as mesmas coisas não tá funcionando.
Qualquer reticência tá virando uma vida inteira na minha cabeça, um sementinha que brota incansavelmente no meu cérebro e tira-me do meu corpo, faz-me sentir com se deixasse de existir e voltasse outra vez.
E de tanto pensar cheguei na semente que brotou: certas coisas não podem voltar, porque o que nunca veio não tem como vir de novo. Doeu.
Não veio por que? O destino não quis? Ou por que EU não quis?
[outra semente] A gente tem as coisas que desejamos por completo. O completo mais inteiro. É um desejo por algo vital, que não nos deixe desfalecer aos poucos; desejar algo que seja como nosso coração.
Não desejei inteiramente? Talvez por culpa das miúdas e mudas dúvidas que existem aqui dentro.
Ou talvez seja só porque eu não acredito em mim ainda.
Pois pra se oferecer inteiro por alguém, é necessário já ser esse inteiro.
Não posso esperar sempre que tenha alguém a minha disposição pra ter a responsabilidade de carregar meu sentimento.
Que não é pequeno, diga-se de passagem.

''Ai apareceu um gafanhoto e comeu minha plantinha, fim''

15.2.09

do Lat. plenitudine


José nascera na Cidade do Abandono. Quem lá concebido, lá permanece para o resto da vida. Crescera aprendendo o quanto o mundo era cruel, não recebia o mínimo de amor. Os pais haviam morrido; fora criado pela vizinha rabugenta que o trancafiara num porão da casa. Só recebia comida em jornais um copo de água, não tinha direito nem a luz do dia.
Apesar dos milhares de infortúnios que o destino lhe proporcionara desde o primeiro segundo que veio ao mundo, José tinha em si toda esperança e todos os sonhos possíveis (e impossíveis também). Quando conseguia ler alguma parte do jornal cheio de comida que recebia nas refeições, maquinava o que faria quando se libertasse daquela prisão.
Até que a velha senhora que ficava cada dia mais escandalosa, faleceu. Já que José não tinha mais ninguém para acolhê-lo, foi correndo de braços abertos para o mundo. Conheceu muitos lugares, viu as mais diferentes pessoas, alegrou-se com o mais belo céu e foi feliz, até descobrir o amor. Era como se vivesse em uma prisão novamente, mas essa não lhe dava vontade de fugir. Quanto mais sofria, mais amava. Pobre José, foi querer conhecer logo a imensidão do amor.
O simples sorriso que via sintetizava o seu sentimento. Nada para ele parecia mais belo, nem mais brilhante... Chamou então de “Sorriso-estrela”. Inacreditável como o sorriso da moça mudara toda a sua concepção de vida. Não descobrira nome, nem o que fazia, muito menos onde morava. Só sabia que amava, e como amava, e quanto! José vira o sorriso chegar, sentira as borboletas pelo seu estômago, sentiu-se parte daquele mundo... Até o sorriso se perder em algum lugar do tempo.
Então José descobrira as gavetinhas de sua mente, onde guardara tudo que lhe agradava. Conheceu a saudade. Belas lembranças e uma imensa vontade de voltar no tempo. Não era mentira, o mundo podia realmente ser cruel.
Enfim grisalho, foi para o lugar que mais gostava: a praia. Era noite, a lua estava cheia, sentara-se na areia e sorrira para a lua. Ela incrivelmente sorrira de volta, como o amor havia feito... José conheceu a plenitude; havia chegado o seu momento, sentia o êxtase tomando o seu corpo, a maior das emoções que poderia ter sentido na vida. Foi de encontro com o amor e lá ficou, com suas gavetas cheias e um coração parado, mas maravilhosamente completo.

1.2.09

recortes.


Eu gostaria que você tivesse disposto a respirar na minha nuca de novo.
A me convencer que você é realmente tudo que eu montei na minha cabeça.
Todos aqueles trechos de livros, os meu lugares preferidos, músicas e filmes que falam por mim, o mais belo céu... Coisas que eu escolhi, juntei e colei num corpo. Desconhecido pessoalmente, mas que nos meus sonhos é como se tivesse fixado a minha alma desde sempre.


Agora só falta tu me me preencher de verdade... porque aqui dentro você está, mas aquela leve brisa ainda me faz voar.