15.2.09

do Lat. plenitudine


José nascera na Cidade do Abandono. Quem lá concebido, lá permanece para o resto da vida. Crescera aprendendo o quanto o mundo era cruel, não recebia o mínimo de amor. Os pais haviam morrido; fora criado pela vizinha rabugenta que o trancafiara num porão da casa. Só recebia comida em jornais um copo de água, não tinha direito nem a luz do dia.
Apesar dos milhares de infortúnios que o destino lhe proporcionara desde o primeiro segundo que veio ao mundo, José tinha em si toda esperança e todos os sonhos possíveis (e impossíveis também). Quando conseguia ler alguma parte do jornal cheio de comida que recebia nas refeições, maquinava o que faria quando se libertasse daquela prisão.
Até que a velha senhora que ficava cada dia mais escandalosa, faleceu. Já que José não tinha mais ninguém para acolhê-lo, foi correndo de braços abertos para o mundo. Conheceu muitos lugares, viu as mais diferentes pessoas, alegrou-se com o mais belo céu e foi feliz, até descobrir o amor. Era como se vivesse em uma prisão novamente, mas essa não lhe dava vontade de fugir. Quanto mais sofria, mais amava. Pobre José, foi querer conhecer logo a imensidão do amor.
O simples sorriso que via sintetizava o seu sentimento. Nada para ele parecia mais belo, nem mais brilhante... Chamou então de “Sorriso-estrela”. Inacreditável como o sorriso da moça mudara toda a sua concepção de vida. Não descobrira nome, nem o que fazia, muito menos onde morava. Só sabia que amava, e como amava, e quanto! José vira o sorriso chegar, sentira as borboletas pelo seu estômago, sentiu-se parte daquele mundo... Até o sorriso se perder em algum lugar do tempo.
Então José descobrira as gavetinhas de sua mente, onde guardara tudo que lhe agradava. Conheceu a saudade. Belas lembranças e uma imensa vontade de voltar no tempo. Não era mentira, o mundo podia realmente ser cruel.
Enfim grisalho, foi para o lugar que mais gostava: a praia. Era noite, a lua estava cheia, sentara-se na areia e sorrira para a lua. Ela incrivelmente sorrira de volta, como o amor havia feito... José conheceu a plenitude; havia chegado o seu momento, sentia o êxtase tomando o seu corpo, a maior das emoções que poderia ter sentido na vida. Foi de encontro com o amor e lá ficou, com suas gavetas cheias e um coração parado, mas maravilhosamente completo.

2 comentários:

Laura* disse...

Cara, eu quero ser igual a ti quando crescer. Te amo.

Laura* disse...

Selo para você no meu blog. (: